O assunto farol no Sul - mais precisamente em Laguna -, começou nos extertores do tempo do Império, Século XIX, e só terminou na entrada da República, em 11 de junho de 1891, quando as estradas de rodagem eram precárias ao extremo, o trem de ferro só começava a chegar e o avião ainda vivia seus experimentos que só seria sucesso em 1903.
Até que todos vissem o farol concluído, foram anos e anos de expectativa e, da mesma forma, outro tanto de naufrágios e acidentes, muitas mortes por afogamento e vários navios perdidos; tudo por conta da falta de um sinalizador artificial de bom porte que pudesse melhor orientar as inúmeras embarcações que cruzavam o temido Cabo de Santa Marta Grande, rumo ao Sul ou no sentido inverso.
Já não eram tão eficientes, até ali, as sinalizações rudimentares das frágeis fogueiras, elas que principiaram o sistema de sinais à distância no mundo das águas e que, sempre expostas ao gosto do tempo, tinham pouca durabilidade e, principalmente, proporcionavam visibilidade apenas razoável e a curta distância.
Tempos, ainda, que as inúmeras fendas rochosas que debruam a ponta aguda do cabo faziam tremer e rezar os mais experientes Lobos do Mar, estes que assinalavam como ponto negro em suas cartas geográficas a tal Laje do Campo Bom, sólido conjunto empedrado submerso que, de Jaguaruna, se alonga até lá.
Com pouca ou muita tempestade, o insucesso ali era iminente. Logo, não foi de graça que alguns passaram a chamar o lugar de Esquina do Mundo. Diziam ainda os embarcados, que quem vencesse aquelas temidas águas estaria a salvo pelo resto da viagem. Vida longa para os marujos! - exclamavam, quando vencida a mais arriscada das etapas ao sul do Atlântico.
Era preciso, então, que se promovesse uma ação imediata para que, pelo menos, minimizasse a terrível situação.
O tempo de espera foi longo e, pela ansiedade, pareceu maior ainda. É que no meio do caminho houve muita troca de correspondência e questionamentos entre os mais influentes súditos da Corte e os próprios mandantes coroados. A questão maior era a liberação de verba a contento, pois, sabia-se, a obra seria muito cara e vários pedidos de lugares considerados mais importantes e, principalmente, mais influentes, estavam na longa fila e, para furá-la, era preciso muito argumento.
Até que um dia, o melhor aconteceu: foi dada a largada na construção da magnífica torre e em pouco tempo estava erguida a maior lanterna artificial da América, no gênero - tudo com a experiente e consagrada tecnologia francesa -; edificação que, por sua portentosa luminosidade, logo repercutiu por todos os mares do Mundo e, também sem demora, virou referência universal de segurança na navegação.
Sabia-se, e muito bem, que, daquele dia em diante, uma nova história de faróis começava a ser escrita, tendo por norte as cristalinas luzes do gigantesco foco instalado no ponto mais alto do Cabo de Santa Marta Grande. E hoje, firme, forte e ativo, lá está ele, do alto de seus seus 120 anos, comemorando mais um ano de muita luz e energia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário