segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Carnaval do Limão de cheiro


O carnaval existe na província: em 2 de fevereiro de 1833, a Administração da Capital fiscaliza com rigor os foliões, evitando-lhes os excessos de toda a ordem, principalmente os relacionados ao uso do limão-de-cheiro, objeto largamente utilizado no entrudo, arremessado de encontro aos transeuntes.  

Tratava-se de pequena esfera oca externamente assemelhada à do jogo de tênis, porém confeccionada de cera e cujo conteúdo se constituía geralmente de líquido aromatizado. Produziam-no clandestinamente, de forma artesanal, os escravos mais idosos, que não participavam de tais festas mas vendiam-no por intermédio de seus filhos. 

A liberação oficial dessa brincadeira ocorreu em 1856, ano durante o qual, no Rio de Janeiro, já se construíam carros alegóricos para os desfiles momescos. Segundo as autoridades da área, elas já não dispunham de meios, durante os concorridos festejos, para exercer eficiente controle sobre o comércio fraudulento de limão-de-cheiro. (Mais adiante, até  às décadas iniciais do século XX, o entrudo substituiu a fruta artificial por banhos de água – nem sempre limpa – lançada de baldes ou bacias.) 

No entender das populações das localidades do interior da província, o carnaval não ia além de mais uma novidade que levaria tempo para granjear adeptos fora do Desterro. Em Tubarão, por exemplo, apareceria com destaque somente a partir de 1882, ao ser fundada, dia 3 de janeiro, a Sociedade Juvenil Carnavalesca, sob a presidência e coordenação do farmacêutico Glicério Alves Boaventura.

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